
No dia 20 de setembro o médico veterinário e professor da FMVZ-Unesp, José Luiz Moraes Vasconcelos, conhecido como Zequinha, esteve em Campo Grande/MS para palestrar sobre uso de IATF – que é a Inseminação Artificial por Tempo Fixo – neste início de estação de monta. A palestra começou às 20h (horário de MS) e durou cerca de uma hora e meia.
Na palestra, José Luiz relacionou a produção de carne com reprodução, genética e nutrição. Segundo o professor, a IATF, que cresce de 20% a 30% todo ano no Brasil, consegue aumentar o aproveitamento desses três pilares da produção de carne, pois permite inseminar uma vaca com escore corporal inferior. No entanto, Zequinha rejeita que a conta que o pecuarista deve fazer é de um bezerro por ano. “Essa é uma conta de quantidade. Nós temos que buscar a eficiência reprodutiva ao invés de somente reprodução. Assim, conseguimos fazer a análise de risco. Fazemos análise de risco todos os dias ao olhar para a rua para ver se não vem carro, ao trancar a porta de casa ao sair... Basta fazermos isso na fazenda”, explicou Vasconcelos.

Genética
“O Brasil tem feito um grande trabalho de melhoramento genético. Nós temos que usar isso colocando nas vacas. A inseminação populariza a genética”, lembrou José Luiz. O veterinário disse que o criador tem que se perguntar todo dia como manter a vaca no rebanho. Quando a vaca pare no início da estação de monta ela tem mais chance de ficar gestante e de não ser descartada, conforme os números apresentados na sua palestra:
“O Brasil tem feito um grande trabalho de melhoramento genético. Nós temos que usar isso colocando nas vacas. A inseminação populariza a genética”, lembrou José Luiz. O veterinário disse que o criador tem que se perguntar todo dia como manter a vaca no rebanho. Quando a vaca pare no início da estação de monta ela tem mais chance de ficar gestante e de não ser descartada, conforme os números apresentados na sua palestra:
Mês que a vaca pariu
|
Chance de emprenhar na estação de monta
|
Agosto
|
86,4%
|
Dezembro
|
63,3%
|
Se a vaca parir no fim da estação de monta, perde-se a chance de ter um bezerro mais pesado na desmama. Quando nasce em setembro ou outubro, o animal fica em média dois anos e meio na propriedade. Já quando nasce em dezembro, esse bezerro vai sair da fazenda depois de três anos ou um pouco mais se o pecuarista resolver esperar o preço do boi subir, por exemplo. “Ele vai degradar a pastagem e você pode até ganhar R$ 2,00 na arroba, mas vai deixar suas fêmeas passando fome. Mais do que o dinheiro que você perde, é a comida das fêmeas que vai faltar, prejudicando a taxa de concepção da próxima estação de monta”, ensinou Zequinha.
Aproveitamento da Estação de Monta
O professor José Luiz apresentou um estudo feito com 1600 vacas, que demonstrou o seguinte caso:
O professor José Luiz apresentou um estudo feito com 1600 vacas, que demonstrou o seguinte caso:
Paridas em setembro
|
Paridas em outubro
|
Paridas em novembro
|
Produção de carne em kg
|
500
|
200
|
100
|
150 500
|
100
|
200
|
500
|
148 500
|
Segundo o estudo, com apenas uma pergunta você consegue planejar os próximos três anos na fazenda: “qual porcentagem de vacas paridas eu vou ter em setembro?”.
O que precisa ser feito para a vaca emprenhar no início da estação de monta?
• Tem que estar parida
• Involução do útero
• Tem que estar ciclando
• Tem que estar no período do estro
• Ser inseminada no momento certo
• Tem que estar parida
• Involução do útero
• Tem que estar ciclando
• Tem que estar no período do estro
• Ser inseminada no momento certo
No discurso, Zequinha disse que o touro consegue inseminar no momento certo e identificar o estro, mas não faz a vaca ciclar. Já a IATF permite inseminar até a vaca que está em anestro.
Procedimento da IATF
Para ficar gestante, a vaca precisa desenvolver o folículo. Para que isso ocorra, é necessário LH (hormônio luteinizante). Se não tem comida disponível o suficiente para fornecer LH, outro fator que pode liberar o hormônio é a retirada do bezerro ou aplicação de injeção do hormônio eCG.
Para ficar gestante, a vaca precisa desenvolver o folículo. Para que isso ocorra, é necessário LH (hormônio luteinizante). Se não tem comida disponível o suficiente para fornecer LH, outro fator que pode liberar o hormônio é a retirada do bezerro ou aplicação de injeção do hormônio eCG.
“A aplicação é mais cara, por isso eu prefiro a retirada do bezerro, que é a opção mais barata. Basta separar em currais próximos, só não pode encostar o bezerro na vaca. Com o dinheiro que sobrar, por exemplo, você pode fazer um creep-feeding”, exemplificou o veterinário Vasconcelos. “É claro que, se estiver chovendo e o curral está num barreiro só, você opta pelo eCG e não deixa os bezerros desprotegidos”, acrescentou.
Período de inseminação de novilhas e vacas multíparas
“Qual das duas você insemina primeiro?”, indagou Zequinha. Numa situação em que três novilhas pariram em agosto, setembro e outubro, é mais provável que a que pariu em outubro esteja com melhor condição corporal.

Segundo o médico veterinário Murilo Zanutto Velasques deve-se levar em conta também o balanço energético das matrizes a serem inseminadas. Após o período de perda de peso, quando a matriz começa a recuperar o escore, a aplicação do protocolo de IATF passa a ser considerada. O que acontece na maioria das vezes é que tanto a vaca parida em agosto como as vacas paridas em setembro e outubro são inseminadas no mesmo período. A diferença é que a vaca parida em outubro está em boas condições, pois ainda não perdeu peso, apesar de, possivelmente, estar em anestro.
“Existem tecnologias disponíveis no mercado que nos ajudam a atingir nosso objetivo”, concluiu Zequinha. Sobre qual protocolo aplicar, José Luiz disse que o mais adequado é sempre o mais fácil, que atinja menor custo por vaca gestante. Quanto aos resultados, eles dependerão da condição da vaca, da qualidade dosêmen e do inseminador. “De todos que experimentaram a IATF, não conheço um fazendeiro que parou”, finalizou José Luiz Moraes.
Evolução do uso da IATF no Brasil
• 2002: cerca de 100 mil matrizes aptas à reprodução recebiam a técnica.
• 2011: 5 milhões de matrizes recebem a IATF e 10 milhões recebem IA.
• 2002: cerca de 100 mil matrizes aptas à reprodução recebiam a técnica.
• 2011: 5 milhões de matrizes recebem a IATF e 10 milhões recebem IA.