quarta-feira, 30 de novembro de 2011


 
É no inverno que o boi sanfona - aquele que engorda nas chuvas e emagrece na seca - aparece, mas é agora que o produtor deve trabalhar para evitá-lo. Planejamento é a palavra-chave para que o pecuarista consiga minimizar o impacto da sazonalidade de chuvas. 
 
Na seca, principalmente em fazendas onde não há forragem específica para o inverno, o gado costuma se alimentar dos brotos de pasto, prejudicando o desempenho tanto dos animais quanto da própria pastagem. Com uma estimativa do rebanho e da capacidade de produção de forragem dos pastos, é possível, por exemplo, separar um pasto na época de chuvas para que o gado possa se alimentar dele na seca. É um método barato, mas exige do produtor um mínimo de planejamento para que o pasto fechado não faça falta antes e que o capim seja suficiente para alimentar o rebanho na ausência das chuvas.
 
Se isso não for possível, e para não precisar comprar alimento produzido fora da propriedade, o pecuarista pode plantar cana, fazer silagem ou feno na própria fazenda. Esse procedimento também deve ser planejado com antecedência para que o alimento esteja pronto na época e na quantidade certas.
 
O produtor precisa saber quantos animais alimentará na seca, qual seu peso aproximado para essa época e por quanto tempo deverá ficar sem chuvas, lembrando que cada UA (unidade animal, 450 kg de peso vivo) come cerca de 10 kg de matéria seca por dia. Com esses dados, o pecuarista poderá avaliar se é melhor reduzir o rebanho ou optar por uma das alternativas para produzir alimento.
 
Centro-Oeste
 
No Centro-Oeste a integração lavoura pecuária é, sem dúvida, uma alternativa bastante interessante. A técnica é de fácil aplicação e gera resultados importantes na produção de alimentos para o período de seca. Mesmo não sendo uma atividade de escolha do pecuarista, é possível trabalhar com parcerias, que se mostram um bom caminho de solução, possibilitando, além de alimento com alta qualidade na seca, um retorno financeiro e a recuperação da fertilidade da terra. 
 
O confinamento também pode ser usado como uma boa ferramenta para se ter comida no período da seca, com a produção de silagem de milho no período das águas. O pecuarista que utiliza a reserva de feno em pé é o perfil ideal para o confinamento estratégico, pois no confinamento estariam animais em terminação em período de entressafra. O confinamento possibilita melhor distribuição da renda, garantindo a entrada de dinheiro em período que normalmente não entra.
 
Vedação escalonada de pastagens
 
Uma outra técnica para se preparar para a seca é realizar a vedação de parte das pastagens no início de fevereiro, permitindo que o alimento cresça até a época das secas, deixando uma reserva para o gado se alimentar quando os pastos estiverem fracos. A vedação realizada nos meses de fevereiro e março garante que o volumoso seja o mais nutritivo possível durante os meses de seca. A técnica do feno-em-pé consiste em deixar o capim alto desidratar naturalmente no campo. O pasto é vedado em duas ocasiões para evitar que chegue muito fibroso com baixa qualidade nutricional em julho. O escalonamento - uma vedação em fevereiro e outra em março – permite que se combine quantidade e qualidade do volumoso, garantindo pelo menos a manutenção dos animais na seca.
 
Antes da vedação, é preciso fazer um pastejo pesado na área separada. O fechamento da pastagem deve ser feito com solo úmido e adubado com ureia (100 kg/ha). O terço fechado em fevereiro deverá ser aberto em maio e pastejado por 75 dias até o final de julho. Os dois terços restantes deverão ficar também por 75 dias, a partir do fim de julho, até o fim das secas. Para essa técnica, deve-se usar braquiária decumbens, xaraés, marandu, piatã e tifton. Já os capins mombaça, tanzânia e andropogon devem ser evitados porque formam muito talos, que não são comidos pelo gado.
 
Pastejamento em excesso
 
Sem um planejamento, a propriedade acaba sofrendo durante todo o ano porque assim que as chuvas recomeçam surge o problema de pastejamento em excesso. Com fome, o gado come o capim assim que ele nasce, logo nos primeiros brotos. O capim enfraquece e o gado deixa de aproveitar todos os nutrientes que ele poderia oferecer. Fraco, o capim demora para nascer novamente e perde espaço para ervas daninhas e para a degradação do solo. 
 
Com planejamento, o produtor mantém o valor nutritivo do pasto durante as chuvas, o gado aproveita o pasto sem degradá-lo e, na próxima estação da seca, consegue-se evitar o efeito boi-sanfona na propriedade, evitando perdas econômicas.

Fonte: www.diadecampo.com.br


A quirera de arroz, obtida pelo processamento industrial, é fonte de nutrientes que pode ser utilizado na alimentação animal. A criação de coelhos no Brasil ainda é baixa, talvez em sua parte pela falta de interesse ou carência de informações disponíveis sobre suas qualidades. Antes de tudo nessa criação, é fator fundamental a preocupação com a questão da alimentação. O coelho como todo animal apresenta suas características alimentares bastante expressivas como em exigências de fibra, proteína, energia e outros fatores. Dentro de uma grande variabilidade de alimentos para formulação de rações, é de se esperar que isso esteja relacionado com uma otimização econômica e a satisfação das exigências nutricionais dos animais. Os subprodutos hoje em dia fazem parte muito bem de nossas formulações de rações. Neste caso, vamos tratar da quirera de arroz pelo seu elevado teor de amido além é claro de sua qualidade protéica e energética.
 
Os coelhos são classificados como animais herbívoros de ceco funcional dentro de sua atividade fisiológica. Esses animais podem ser criados com sucesso a partir de um manejo nutricional adequado, ou seja, realizar um balanceamento adequado de dietas com a parte das rações e a parte dos volumosos.
 
O arroz (Oryza sativa L.) é produzido no mundo todo para utilização na alimentação humana. Quando esse mesmo ingrediente encontra-se fora das especificações para o consumo humano ou até mesmo por razões econômicas, apresenta grande valor na nutrição animal (Butolo, 2002).
 
No Brasil, existe uma diversidade de alimentos de variados valores nutritivos em que este, está diretamente relacionado com sua composição química e energética, importantes no momento do balanceamento das rações (Azevedo, 1997).
 
Biagi et al. (1996), citam que as companhias de grãos do comércio internacional, realizam uma averiguação da qualidade desses grãos alertando sobre as características de umidade, grãos quebrados, presença de material estranho, cor e imperfeições. 
 
Um exemplo de variação de qualidade de ingrediente foi observado por Lima et al. (2000) que, estudando amostras de híbridos de milho comerciais, verificou variabilidades nos teores de proteína bruta. Baidoo et al. (1991) através de estudos com milho, encontraram variações nas densidades e energia metabolizável quando da inclusão desse ingrediente em rações para aves.  
 
Como parte integrante dessas rações tem a oportunidade de utilizarmos um subproduto do beneficiamento do arroz, que é a quirera de arroz.
 
De acordo com Teixeira (1997), a quirera de arroz é formada por grãos defeituosos e quebrada após o polimento sendo dessa maneira, utilizado na composição de uma ração. O polimento do arroz é obtido na peneiragem passando por peneira de furos circulares de 1,6 milimetros de diâmetro. Fialho et al. (2005) cita que a quirera pode ser encontrada com diversos graus de limpeza além da presença da casca de arroz, sementes de capim-arroz os quais, correspondem a 6,3% do volume total colhido no campo.  
 
Esse subproduto apresenta alta qualidade em proteína e energia metabolizável que pode ser comparado ao milho apesar de sua deficiência em gordura ao qual é recompensada, pela elevada concentração de amido (Rostagno, 2005). 
 
A quirera de arroz é rica em minerais, principalmente em fósforo e manganês ao passo que, apresenta como fator limitante, o aminoácido lisina (Torin, 1991).
 
A composição bromatológica da quirera de arroz corresponde apresenta: 8,47% de PB, 1,22% de gordura, 74,45% de amido, 3846 kcal/kg de energia bruta, 0,55% de fibra bruta (Rostagno, 2005).
 
Trabalhos desenvolvidos por Lebas (1984) revelam que quantidades de cereais não devem ultrapassar de 25 a 30% da dieta de coelhos para que não haja riscos de distúrbios digestivos.
 
A substituição do milho pela quirera de arroz é uma via alternativa não só pela diminuição de custos da ração más também, por não causar comprometimento em desempenho de coelhos em fase de crescimento.


Fonte: www.diadecampo.com.br

Comissão avalia situação sanitária no Cone Sul

Combate à febre aftosa no continente após o foco notificado recentemente no Paraguai
MAPA
30/11/2011
Os membros da Comissão Sul-Americana para a Luta Contra a Febre Aftosa (COSALFA) discutem e anunciam resoluções da referida Comissão para as ações a serem executadas pelos países para combater a febre aftosa no continente após o foco notificado recentemente no Paraguai nesta quarta-feira, 30 de novembro.
 
O tema será discutido nos dias 29 e 30 de novembro por representantes dos 11 países integrantes da comissão - Argentina, Brasil, Bolívia, Chile, Colômbia, Equador, Guiana, Paraguai, Peru, Venezuela e Uruguai - durante a 4ª Reunião Extraordinária da COSALFA. No encontro, os participantes também analisarão o impacto da reaparição da doença na América do Sul no Plano de Ação 2011-2020 do Programa Hemisférico de Erradicação da Febre Aftosa (PHEFA). (Marcos Giesteira)
 
Serviço:
 
Data: 30 de novembro de 2011 (quarta-feira)
Horário: 12h
Local: Hotel Golden Tulip Regente (Av. Atlântica, 3716, Copacabana, Rio de Janeiro)

Fonte: www.diadecampo.com.br


 
Pode-se dizer que a carne de capivara, produzida em sistemas de criação ou proveniente da natureza, ainda é uma incógnita quanto ao conhecimento dos fatores que alteram o seu sabor. Apesar de se inserir em um mercado de carnes de caça, que normalmente são de sabor mais característico e forte, a carne de capivara pode ir de um extremo ao outro, podendo ser excelente, como na maioria dos casos é a produzida em criações, ou ser repudiada como é a maioria dos casos, se proveniente de animal da natureza. Embora a carne proveniente da natureza possa também apresentar, por vezes, excelente sabor, na maioria dos casos isso não ocorre, o que tem gerado preconceito em relação à carne, prejudicando o marketing da carne produzida em criações.
 
Alguns, como pesquisadores do INTA (Instituto Nacional de Tecnologia Agropecuária – Argentina), que trabalharam em sistema intensivo de criação, afirmam que, com a criação sob concentrado e forragem cultivada, o sabor  da carne de capivara é completamente modificado para melhor em relação ao animal do ambiente natural, prospectando o seu potencial para consumo em massa, porém estando condicionada a grandes desafios no que tange às técnicas de criação e à domesticação. Estudos da Esalq (Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz) demonstraram que não houve diferença para sabor entre carne de capivara produzida em sistema intensivo à base de ração (rolão de milho e farelo de soja) e capim-elefante, com as carnes tradicionais. No criadouro da Embrapa Clima Temperado pôde-se comprovar a excelente e mais uniforme qualidade que a carne de capivara pode ter, em relação à proveniente de animais da natureza, quando produzida em sistema semi-intensivo de criação, tendo o milho como base da alimentação concentrada. 
 
Em condições naturais as capivaras se alimentam predominantemente de pasto nativo, além de incluírem na dieta espécies que seriam incomuns para outros herbívoros, tais como vegetação aquática (espadana ou palha de banhado e aguapés p/ ex.), arbustos e cascas de árvores. Recente trabalho na Colômbia mostrou que a carne fresca de capivara (não informado se de criadouro ou da natureza)  tem uma boa penetração entre as classes de menor poder aquisitivo, na Colômbia, onde a carne de animais caçados normalmente é consumida na forma de charque, com notas de 4,09 para sabor em uma escala de 1 a 5. Embora a carne assim obtida seja um produto totalmente orgânico, tal como ocorre na Venezuela, onde a carne de capivaras caçadas é comercializada na forma de charque, não há uniformização de sua qualidade sensorial quando obtida diretamente da natureza, considerando-se a sua forma in natura, para conquistar mercados no Brasil, onde o Ibama só permite a comercialização de animais com origem de criadouros, e o consumo se restringe, inicialmente, às classes de maior poder aquisitivo, devido ao elevado preço de venda.
 
Independente do sabor, a qualidade nutricional da carne é superior à das espécies domésticas de carne vermelha tradicionais, pela riqueza em ácidos graxos ômega-3, principalmente em ácido αlinolênico ω-3, e pelo grau de insaturação de sua gordura. Rico em gordura insaturada, o óleo de capivara é líquido a temperatura ambiente, devido ao seu menor ponto de fusão, ao contrário da banha de porco e da graxa bovina por exemplo. Além disso, o óleo de capivara abaixou o colesterol de ratos hiperlipidêmicos. Os ômega-3 têm papel importante e positivo nos processos inflamatórios, nas doenças autoimunes e alergias, na regulação da pressão arterial, na doença vascular coronariana, na aterosclerose e na redução de hiperlipidemias. 
 
Sabe-se que os ômega-3 afetam consistentemente a composição da gordura que circula e compõe o corpo, diminuindo os triglicerídios, o VLDL-colesterol (Lipoproteína de muito baixa densidade), o LDL-colesterol (Lipoproteína de baixa densidade) e o colesterol total e aumentando o HDL-colesterol (Lipoproteína de alta densidade) que é a “gordura boa”, o que torna a carne de capivara mais saudável na prevenção de doenças cardiovasculares em relação às carnes tradicionais. Esses efeitos são conduzidos por meio de um complexo sistema que envolve enzimas do metabolismo de biossíntese de ácidos graxos e das lipoproteínas. Como as gorduras, especialmente triglicerídios e colesterol, não podem circular na forma pura, pois são hidrofóbicas (apolares) e se acumulariam mais facilmente nas paredes dos vasos sanguíneos, literalmente entupindo-os, o organismo as transporta associadas a proteínas, que são polares e se misturam com a água, formando lipoproteínas. No entanto a carne de capivara também apresenta ácido palmítico e mirístico que estão entre os principais precursores do colesterol, os ácidos graxos saturados de 12 a 16 carbonos.  Portanto, somente estudos médicos poderiam recomendá-la como um alimento funcional.
 
Vários fatores podem estar envolvidos na determinação do sabor, tais como alimentação, idade, genética, tipo de corte, congelamento, sexo, perfil de ácidos graxos, etc. Como há vários sistemas de criação para a capivara (extensivo, semi-intensivo e intensivo), com diferentes níveis de alimentação concentrada, somente o conhecimento profundo e o estabelecimento de técnicas de criação voltadas a estes aspectos, além do preço de venda do produto, poderão conquistar o mercado consumidor, tornando a carne de capivara mais popular e a criação mais desenvolvida. 
 
Um estudo da Embrapa Clima Temperado, em parceria com a UFPel, teve o objetivo de avaliar a carne de capivara obtida em sistema semi-intensivo de criação e alguns de seus subprodutos. Foi feita a avaliação sensorial da carne (sabor, cor, dureza, mastigabilidade, fibrosidade e suculência), nos cortes paleta, lombo e pernil, e de subprodutos de capivaras jovens (25 kg) e fêmeas adultas (68kg) criadas na Embrapa Clima Temperado, bem como o perfil lipídico e bromatológico da carne. 
 
As capivaras foram alimentadas com milho e (ou) ração granulada para equinos em crescimento, ficando ou não em pastagem nativa por um mês, conforme o tratamento. Foi elaborada linguiça calabresa (não defumada) e toscana, além de salame alemão (defumado), conforme a formulação de frigorífico com inspeção estadual. Para a preparação da massa destes embutidos foi utilizada a carne de toda a carcaça acrescida de 9% de toucinho, uma vez que, mesmo tendo sido feita uma limpeza na carne de capivara, esta ainda continha muita gordura (o padrão é 15%). O salame foi analisado separadamente das linguiças para preferência. Foram preparados hambúrgueres com 15% de gordura de capivara jovem ou 15% de toucinho, utilizando-se a carne de capivara jovem ou adulta em cada uma das misturas.
 
As análises sensoriais e de perfil lipídico e bromatológico foram feitas no Departamento de Zootecnia e no Laboratório de Cromatografia do Centro de Ciências Químicas, Farmacêuticas e de Alimentos da UFPel, respectivamente. As análises microbiológicas foram realizadas no Laboratório de Microbiologia de Alimentos do Departamento de Ciência e Tecnologia Agroindustrial da UFPel. Para a avaliação sensorial da carne foi utilizado um painel com doze julgadores treinados. A carne foi oferecida grelhada sem sal e a avaliação foi feita atribuindo-se notas em uma escala não estruturada de 9 cm (1 = fraco; 9 = intenso). Para a verificação de aceitação e preferência de subprodutos aplicou-se um questionário a cerca de 100 julgadores não treinados com predomínio de estudantes universitários, utilizando-se escala de 1 a 9 pontos (1 = desgostei muitíssimo 9 = gostei muitíssimo), com as linguiças sendo oferecidas cozidas e os hambúrgueres grelhados.
 
Entre os resultados observou-se que não houve diferença significativa entre sabor da carne de fêmeas adultas (7,32) e de capivaras jovens (7,29; no segundo melhor tratamento envolvendo jovens), eliminando a possibilidade de ser o fator idade (para capivaras fêmeas adultas) o causador de sabor desfavorável, dentro do sistema semi-intensivo de criação. Os cortes não mostraram diferenças de sabor, com valores ligeiramente superiores para lombo e os valores de intensidade de sabor (7,02) foram semelhantes aos observados para ovinos.
 
Em relação aos subprodutos, houve uma tendência de as linguiças de capivara jovem serem mais aceitas e preferidas que as de adultos, o que não ocorreu para o salame alemão, cuja preferência foi maior para o de adulto. Para os hambúrgueres houve uma tendência de os preparados com toucinho serem ligeiramente mais aceitos, principalmente entre o de adulto com toucinho (7,47) e o de adulto com gordura de capivara (6,73), mas os resultados indicam que pode-se utilizar gordura de capivara jovem na elaboração, obtendo-se aceitação satisfatória. Os subprodutos cárneos apresentaram resultados satisfatórios quanto à avaliação microbiológica, correspondendo aos padrões exigidos pela legislação brasileira. 
 
Cerca de 70% das pessoas já tinham consumido carne de capivara, e quando consultados sobre a opção de compra, 90% dos consumidores responderam que comprariam o produto. As notas em geral corresponderam a “gostei moderadamente” (7), sendo consideradas satisfatórias (Tabela 1).
 
 
Em geral não há diferenças significativas no perfil de aminoácidos das carnes e o teor protéico varia entre 18% a 22%, ocorrendo porém maiores variações no teor e perfil lipídico, os quais determinam as diferenças de qualidade nutricional das carnes. Os teores de gordura no músculo foram baixos, de 0,5% no lombo (variando de 0,08% a 3,37% entre os cortes, com média de 0,83%), sendo cinco ou mais vezes inferior aos encontrados no lombo de bovinos Nelore (2,5%), suínos (3%) e ovinos (6,5%). 
 
A análise do perfil de ácidos graxos revelou maior insaturação e concentração de ácido αlinolênico para adultos (55,4%/2,48%) em relação a jovens a campo (41,9%/0,73%) e a jovens sob ração (51,4%/0,14%), respectivamente. Apesar de ter sido encontrado em relativamente baixas concentrações, a média geral de 1,12% para ácido linolênico ω-3 em capivaras é superior à encontrada para a raça bovina Angus (0,6%). Embora em valores mais baixos, se comparados ao presente na linhaça que tem 45% de ácido linolênico, 17% de ácido linolênico têm sido encontrado no óleo de capivara. Em outros trabalhos a concentração de ômega-3 em músculo de capivaras chegou a ser 8,6 vezes maior que nas carnes tradicionais. 
 
O ácido oléico, rico no óleo de oliva, que tem 63% do monoinsaturado ω-9, também tem um papel na melhora do perfil lipídico no sangue humano, sendo especialmente hipocolesterolêmico. Para o ácido oléico os valores encontrados na carne de capivara (35,24%) foram semelhantes aos das espécies tradicionais.
 
Os resultados do presente estudo ratificam a qualidade da carne e da gordura de capivara obtida em sistema de criação para o consumo humano e prospectam o potencial tecnológico para o mercado, abrindo novas perspectivas para sua utilização, ampliando o rol de subprodutos que podem ser elaborados.

Fonte: www.diadecampo.com.br

Subproduto do coelho é valorizado no mercado


Além da carne, cunicultura pode comercializar a pele e alguns órgãos dos animais destinados á pesquisa
Kamila Pitombeira
29/11/2011
A produção de carne de coelho contava com relativa importância há alguns anos no país. Agora, depois de uma fase de queda de popularidade, está sendo retomada, principalmente porque tem-se buscado ultrapassar a barreira cultural de que as carnes exóticas não são apreciadas pelo povo brasileiro. Além da produção da carne, a cunicultura reaproveita também a pele dos animais, além de órgãos destinados a pesquisas. Apesar de ser um animal de fácil criação, o coelho exige cuidados específicos em relação à higiene e alimentação.
Segundo Érika Regina Miklos, zootecnista e gerente de produtos da Evialis, a intenção da produção nacional de coelhos é melhorar a união dos produtores junto à Associação de Cunicultura para que os produtores tenham um menor custo de produção da carne, produzindo assim mais animais e gerando um preço mais competitivo no mercado.
— Isso vai desde fornecer uma boa alimentação para maior ganho de peso até uma boa genética e um bom manejo — afirma a zootecnista.
O manejo da criação de coelhos é bem peculiar, como conta Érika. É um animal fácil de criar, mas é preciso atenção especial em relação à higiene e ao manejo sanitário. Basicamente, o local necessário para iniciar a criação não precisa ser grande.
— É preciso ainda tomar cuidados em relação ao estresse e à resistência, já que o coelho é tipicamente oriundo de regiões mais frias — diz.
O coelho é um animal herbívoro. Então, como explica a entrevistada, fornecer fibras digestíveis na quantidade correta é muito importante. Eles costumam se alimentar de ração peletizada ou de ração peletizada acrescentada de verde, como uma folha de amoreira ou bananeira.
— A alimentação deve ser oferecida nas horas mais frescas do dia. Por ser um animal de hábito noturno, é importante que os comedouros fiquem cheios nesses horários — orienta.
Érika acrescenta ainda que, quando o produtor possui uma granja de coelhos, é importante que ele respeite os limites de outras criações. Ela conta que, em uma construção rural, existem normas para isso, pois granjas de frango ou até mesmo a presença de cachorros podem prejudicar a criação trazendo alguns tipos de sanidades que podem ser transmitidas aos coelhos.
— Além da carne, a pele de coelho também é valorizada no mercado, além de diversos subprodutos, como o cérebro, que é reaproveitado para pesquisas — diz.
Para a zootecnista, todo criador que pretende dar início à cunicultura deve procurar a orientação da Associação de Cunicultura Brasileira, além de participar das listas de discussão e procurar uma empresa de boa reputação na parte de alimentação.
Para mais informações, basta entrar em contato com a Evialis através do número 0800-704-1241.


Fonte: www.diadecampo.com.br


O agronegócio é a principal locomotiva da economia brasileira: próspero e rentável. O leite é um dos alimentos de maior importância para o homem e o mercado leiteiro é um setor de grande impacto no agronegócio, com uma produção média estimada de 30,6 bilhões de litros em 2010 (IBGE) e 32 bilhões para 2011. Cerca de 90% dos produtores são considerados pequenos e apenas 10% são médios e grandes, que geram aproximadamente 4,2 milhões de empregos diretos e 42 milhões indiretos. A exportação do alimento é de 455 milhões de litros e é um importante componente para o equilíbrio da balança comercial brasileira.
Com a criação do Plano Nacional da Qualidade do Leite (PNQL), em 1996, por meio do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) e com apoio de órgãos de ensino e pesquisa, houve muitos debates e discussões para implantar novos regulamentos técnicos e critérios para produção de leite. Este foi o ponto de partida de uma série de normativas e portarias que viria a culminar com a criação do Conselho Brasileiro de Qualidade do Leite (CBQL) pela Instrução Normativa (IN) 37.
Com a publicação da IN 51 definiu-se parâmetros técnicos sobre a qualidade do leite (regulamentos técnicos de produção, identidade e qualidade dos leites tipos A, B e C, do Leite Pasteurizado e do Leite Cru Refrigerado e o regulamento técnico da coleta de leite cru refrigerado e seu transporte a granel). 
 
Antes da criação e publicação da IN 51 não existiam parâmetros para contagem de células somáticas e de contagem bacteriana total para o leite C, somente ao leite A e B. Da data de sua publicação até 1° de julho de 2005 para as regiões Centro-Oeste, Sudeste e Sul, o limite máximo de 1 milhão de CCS e de CBT, as regiões Nordeste e Norte até a data de 1° de julho de 2007. Atualmente o teto está em 750 mil células/mL para CCS e CBT.
 
Os parâmetros atuais estão em vigor até 1° de dezembro de 2011, por motivo de prorrogação destes limites, já que, deveriam ter sido novamente modificados em 1°de julho de 2011, onde passaria de 750.000 cél./mL para 400.00 cél./mL e 100.000 cél./mL de CCS e CBT, respectivamente. Segue quadro comparativo abaixo:
 
 
 
Outras informações estão disponíveis no site do MAPA (www.agricultura.gov.br).
 
A CCS deve ser alcançada com o tempo, tentando baixar cada vez mais as concentrações. Outro fator a ser corrigido é a assistência, capacitação técnica, divulgação de informações de modo mais abrangente, que deve chegar a todos os produtores, oferecendo conhecimento com clareza, não só sobre as mudanças, mas também o modo correto de se adaptar as exigências da IN 51. 
 
Cuidados contra a contaminação do leite
 
O produtor deve ter o conhecimento de que a quantidade de microorganismos presentes no leite varia de acordo com a contaminação inicial, o tempo e temperatura de armazenamento, podendo variar em decorrência de processos inflamatórios do úbere ou de enfermidades no rebanho.
 
Para a obtenção da produção de leite com qualidade, higienização no processo de obtenção, resfriamento do leite (4°C) e controle da mastite são de fundamental importância. Na higienização destaca-se a limpeza das mãos dos ordenhadores, dos equipamentos e do úbere da vaca, com água potável. O ordenhador deve estar com roupas limpas, ser organizado, manter uma rotina e seguir processos de higienização. 
 
A sala de ordenha deve ser um local sem agitação, limpo e fresco. Os equipamentos devem ser lavados com água morna de 70°a 75°C e detergente alcalino clorado na dosagem indicado pelo fabricante. Depois, é preciso passar detergente ácido diluído em água à 45ºC. A sala de ordenha deve fornecer conforto térmico às vacas. Materiais como latões, caneca de fundo preto, papel toalha, frascos para imersão dos tetos, escova para limpeza do material, detergente, soluções desinfetantes, todos devem sempre estar disponíveis para uso. Para desinfecção dos equipamentos, materiais e até no pré e pós-dipping pode ser utilizado uma solução a base de cloreto de alquil dimetil benzil amônio (desinfetante) + poliexietilenonilfenileter (tensoativo)1.
 
Em relação ao resfriamento do leite, o tanque de resfriamento deve ficar próximo ao local da ordenha e de fácil acesso para o veículo coletor. O local deve ser coberto, pavimentado, com energia elétrica e água de boa qualidade. Deve haver um bom isolante térmico a fim de evitar o aquecimento do leite. A instalação do tanque deve ser feita perfeitamente em nível para facilitar o escoamento do leite e da água de lavagem aproveitando o desnível que já existe no fundo do tanque. A potência do resfriador deve ser suficiente para permitir rápido abaixamento da temperatura do leite sem que tenha alterações em sua qualidade.
 
A mastite
 
Sobre a mastite bovina deve-se entender como inflamação da glândula mamária. As principais causas são bactérias, fungos, leveduras e algas. A mastite pode ser clínica ou subclínica, podendo aquela ser detectada pelo exame da caneca de fundo escuro ou caneca telada, em que é identificada a presença de grumos. Já a forma subclínica, não apresenta sinais clínicos e por isso é assim chamada, pode facilmente ser detectada por meio do California Mastitis Testis (CMT). Outros métodos, como a análise da CCS (contagem de células somáticas), cultura bacteriológica e condutividade elétrica são também muito eficazes para a identificação destas mastites. Pode ser diferenciada pelo agente causador na forma contagiosa ou ambiental; sendo a contagiosa mais comum durante toda lactação por Staphycoccus aureus, Streptococcus agalactiae, Corynebacterium bovis, Streptococcus uberis e ambiental, que ocorre principalmente no pré-parto e início da lactação, causada por Escherichia coli, Klebsiella sp, Enterobacter sp, Streptococcus dysgalactiae.
 
Para o tratamento da vaca em lactação com mastite recomenda-se a utilização de um antibiótico eficaz e seguro à base de gentamicina associado a um mucolítico (bromexina)2, administrado pela via intramamária associado a penicilinas3, estreptomicina4, oxitetraciclina + diclofenaco de sódio5 ou de acordo com a orientação do médico veterinário. Na secagem é recomendada a utilização de gentamicina6, em alta concentração. 
 
Diante dos dados relatados, concluímos que ainda há muito a fazer até a adequação da IN 51. Como o agronegócio brasileiro é persistente e, apesar dos obstáculos, a participação do mercado é crescente. Como vantagens brasileiras, temos terras abundantes, potencial de produção, climas favoráveis, imensa disponibilidade de água doce e energia renovável, capacidade empresarial, tudo isso faz do agronegócio um importante componente da balança comercial que permite ao Brasil comemorar o superávit primário.

Fonte: www.diadecampo.com.br