
A pastagem é a forma mais prática e econômica de se alimentar os rebanhos, pois o próprio animal é quem colhe o seu alimento, sendo de grande importância nos sistemas de produção animal, principalmente em regiões áridas e semi-áridas. Nestas regiões são comuns prolongadas épocas de estiagem, onde o pasto existente se torna deficiente em quantidade e qualidade nutritiva, ou seja, com alto teor de fibra de baixa qualidade e reduzido teor de proteína e carboidratos. Assim, o alimento ingerido pelos animais não é suficiente para manter suas funções vitais, fazendo com que as reservas corporais sejam consumidas, ocasionando perda de peso, queda de produção e na eficiência reprodutiva, diminuição do crescimento, podendo chegar a provocar a morte dos mesmos.
Os animais que resistem à época de escassez de alimento submetem-se a um regime de ganho e perda de peso, apresentando produção apenas na época das águas, onde existe grande quantidade de alimento, mas em contrapartida os preços dos produtos de origem animal são baixos em virtude do excesso de oferta. Este processo proporciona ao produtor redução na receita, que buscando minimizar este efeito suplementa seus animais no período da seca, para garantir a sobrevivência ou evitar a venda de parte do rebanho e até podendo disponibilizar produto na época da entressafra.
A irrigação de pastagens tem grande importância nas regiões semi-áridas, pois através desta técnica poderá se produzir alimento para o rebanho durante todo o ano em quantidade e qualidade satisfatórias, desde que bem manejada. Mas o uso da água deve ser analisado do ponto de vista ecológico e econômico, pois o problema referente à sua escassez deixou de ser uma questão a ser resolvida no futuro e passou a ser um problema da atualidade. Hoje já existem locais em diversas partes do mundo em que a água já não é disponível para as necessidades básicas da população e outras em que animais e até mesmo pessoas morrem ou ficam bastante debilitadas por sua falta.
Na região semi-árida do Nordeste brasileiro, não bastando à quantidade insuficiente de água para atender às necessidades da população (consumo, indústria, irrigação etc.), também é comum ocorrer problemas com o alto teor de sais em grande parte das fontes de águas, sejam elas subterrâneas (poços) ou superficiais (lagoas e açudes de pequeno e médio portes). Para agravar mais ainda a situação, a concentração de sais nos pequenos e médios reservatórios, aumenta consideravelmente durante o período seco, quando o volume da água é significativamente reduzido, época em que o uso da irrigação se faz mais necessário. Já as águas de rios ou riachos podem, também, apresentar problemas de salinidade, dependendo do tipo de solo, da qualidade de água das barragens ou, ainda, do retorno da água de drenagem.
A água é um bem precioso e que precisa ser preservado e utilizado de forma eficiente para que a sua falta não venha a provocar catástrofes como já se vem especulando. Por isso estudos que avaliam o uso de água com qualidade inferior para diversos fins vêm ganhado destaque. Dentre as alternativas para o uso de água salinas na agricultura irrigada, o cultivo de forrageiras halófitas como as do gênero Atriplex, e não halófitas, mas com graus moderados de tolerância ao estresse salino, como o sorgo e o milheto, tem ocupado lugar de destaque, pelas suas elevadas produtividades mesmo quando irrigadas com água de elevada salinidade e podem se constituir em alternativas para cultivos que utilizem recursos (água e solo) salinos. Estas espécies são alternativas bastante interessantes para alimentação animal, mas nenhuma delas é apropriada para o pastejo, ou seja, na maioria dos casos são usadas para produção de feno ou silagem e fornecidas em cochos para os animais, o que torna o preço do alimento mais elevado.
Em se tratando de gramíneas forrageiras indicadas ao pastejo, os trabalhos demonstrando resistência ao estresse salino são escassos ou até inexistentes. No entanto, algumas observações feitas em campo pode-se detectar que a canarana erecta lisa (Echinochloa pyramidalis) apresenta um bom desenvolvimento em solos afetados por sais. Ademais, apresenta-se bastante apreciado pelos animais, possui bom vigor na rebrota após pastejo e bom valor nutritivo, proporcionando aos animais alimento de qualidade, dando condições para que eles possam expressar seu potencial produtivo.
Fonte: www.diadecampo.com.br
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