quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

Código Florestal é aprovado no Plenário do Senado


Matéria agora segue para a Câmara dos Deputados, onde pode ser votada já na 
próxima semana



Após mais de cinco horas de discussão, o texto do novo Código Florestal foi aprovado 
no Plenário do Senado nesta terça, dia 6, com 58 votos a favor e oito contrários. Em 
primeiro turno, 26 emendas foram aprovadas. Alterado diversas vezes, o relatório 
do senador Jorge Viana (PT-AC) voltará para a Câmara dos Deputados, para mais
uma votação, que pode ocorrer já na próxima semana. Os deputados ainda poderão
rejeitar em parte ou integralmente o que foi modificado no Senado. Entretanto, não 
será possível fazer novas alterações. A última etapa de aprovação do projeto é a 
sanção da presidente Dilma Rousseff.
A maioria das 26 emendas acatadas por Viana se refere a mudanças de redação.
As demais foram rejeitadas em bloco, assim como quatro destaques que foram 
votados separadamente. Entre as aceitas, uma determina que Estados com mais 
de 65% de sua área em reservas ambientais podem reduzir a reserva para 50%, 
desde que com aprovação de órgãos ambientais competentes.
Uma outra prevê que o percentual de Áreas de Preservação Permanente 
poderá ser ampliado, caso suas bacias hidrográficas sejam consideradas
 em situação crítica. Também foi aprovada emenda que permite atividades 
em manguezais, limitando a área em 10% na Amazônia Legal e 35% em
 outros biomas.

A sessão teve início pouco depois das 16h, com um acalorado debate entre os 
senadores. A decisão de inverter a pauta do dia, colocando a votação do Código
 Florestal como prioridade em relação à apreciação da Emenda 29, que trata de 
mais repasses à área da saúde, provocou descontentamento por parte de vários
 parlamentares. Após votação nominal, decidiu-se manter o acordo feito pelas 
lideranças dos partidos e seguir conforme o previsto. Passando das 17h, o
 relatório de Jorge Viana entrou em pauta. Em discursos que não apresentaram 
surpresas, os senadores defenderam suas posições originais, a favor ou contrárias à
 matéria.
A senadora Kátia Abreu (PSDB-TO) iniciou sua fala citando dados sobre 
diminuição do desmatamento na Amazônia, divulgados nesta segunda, dia 5. 
Ela prosseguiu afirmando que os opositores ao texto são “meia dúzia de 
ambientalistas xiitas” e defendeu a valorização do agronegócio.
– Se não fosse o agronegócio, o Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil daria 
negativo. Se fizermos o que querem alguns poucos ambientalistas e acabarmos
 com a produção em 80 milhões de hectares, só vai sobrar a carne e teremos 
resultados de menos US$ 100 bilhões no valor bruto da produção brasileira
 – exclamou.
Pedro Simon (PMDB-RS), apesar de afirmar ser impossível realizar uma avaliação
aprofundada da matéria, apontou pontos positivos e negativos do novo Código.
– Infelizmente, nessa Casa, quando as votações são muito importantes, as 
bancadas decidem e o cidadão já sabe como vai votar. Fica impossível fazer
 uma análise mais profunda. O projeto discutido em Plenário é muito melhor 
do que o que veio da Câmara, mas tem problemas difíceis que devem ser
 analisados. Alguns vão depender de emendas a serem destacadas, outras 
do veto do Executivo. Podemos avançar na discussão – disse, ressaltando 
que o relatório oferece o que ele chama de anistia a quem desmatou no
 passado.
Em suas considerações, o relator Jorge Viana declarou acreditar que não pode 
haver separação entre o setor produtivo e a causa do meio ambiente.
 E garantiu que a nova Lei deve privilegiar os dois segmentos.
– Não conheço atividade que mais necessite do meio ambiente do que o setor
 produtivo. Então, não tem sentido existir um distanciamento. Nessa proposta 
não tem trela para desmatador – argumenta.
Logo após a aprovação do texto base, o senador Randolfe Rodrigues 
(PSOL-AP) pediu verificação de quórum, com apoio dos senadores Marinor
 Brito (PSOL-PA), Lindbergh Farias (PT-RJ), Paulo Davim (PV-RN) e 
Cristovam Buarque (PDT-DF). Randolfe Rodrigues voltou a se manifestar 
contra o texto e defendeu a agricultura familiar e a preservação ambiental. 
Marinor Brito também se manifestou contra o projeto, "em nome de todos os
 que tombaram em defesa das florestas". 
Os demais líderes partidários, entre eles a senadora Kátia Abreu (PSD-TO) 
e os senadores Rodrigo Rollemberg (PSB-DF), Gim Argello (PTB-DF), 
Wellington Dias (PT-PI), Ana Amélia (PP-RS), José Agripino (DEM-RN) e 
Renan Calheiros (PMDB-AL), votaram a favor do substitutivo, elogiando o teor 
do relatório, que afirmam considerar equilibrado. Também se manifestaram
 pelo texto e em defesa dos produtores rurais os senadores Waldemir Moka
(PMDB-MS), Demóstenes Torres (DEM-GO), Inácio Arruda (PCdoB-CE), Ivo 
Cassol (PP-RO) e Acir Gurgacz (PDT-RO).
Votação dos destaques
Após a apreciação do texto base, entraram em pauta os quatro destaques 
designados pelo relator Jorge Viana a ser apreciados em turno suplementar. 
Marinor Brito voltou a se manifestar, afirmando que o novo Código Florestal 
não representa o consenso e criticou classificação de "radicais" recebida
 pelos líderes do PSOL por parte de parlamentares a favor do texto de Viana.
– Preferível ser radical aos meus princípios do que ficar ao lado de quem
 cometeu crimes ambientais – disse.
Já Randolfe Rodrigues, defendeu emenda assinada por ele e pelo senador 
João Capiberibe (PSB-AP). O destaque suprimia do texto o dispositivo que
 diminui a Reserva Legal do Estado do Amapá, por ter mais de 65% de
 seu território ocupado por unidades de conservação. Segundo Rodrigues,
 o relatório é inconstitucional, por só afetar um estado, no caso o do Amapá.
 O presidente do Senado, José Sarney, somou-se aos demais parlamentares
 do Estado e apoiou a emenda.
Capiberibe, por sua vez, afirmou que a floresta em pé representa maior 
riqueza para para o país. O senador apontou que, se mantido o texto de 
Jorge Viana, seriam perdidos 800 mil hectares de florestas no Amapá. 
E apelou a Jorge Viana para que acolhesse a emenda, que terminou 
rejeitada.
O senador Demóstenes Torres (DEM-GO) defendeu a emenda para o 
substitutivo do novo Código Florestal. Segundo ele, o texto troca a expressão
 "interesse social" por "interesse público" e foi proposto pela ministra 
do Meio Ambiente, Izabela Teixeira. O relator, Jorge Viana (PT-AC), 
defendeu a rejeição do texto. 
Valdir Raupp (PMDB-RO) pediu a aprovação de emenda que estabelece
 o chamado "desmatamento zero" para o bioma da Amazônia. Apesar
 de inúmeras manifestações favoráveis, o destaque também foi rejeitado. 
Demóstenes também defendeu outra emenda de sua autoria, observando 
que os ambientalistas têm a preocupação de que, no futuro, o Código
 Florestal novamente poderá ser modificado para anistiar produtores 
rurais por desmatamento. Demóstenes explicou ter acolhido o 
entendimento do ministro do Tribunal de Contas da União, Herman 
Benjamin, segundo o qual segundo o qual a legislação atual trata como
 um crime mais grave tirar cópia de um livro esgotado do que desmatar
 Área de Preservação Permanente (APP). Por isso, ele sugeriu 
aumentar a pena para quem desmatar no futuro. A emenda também 
foi rejeitada.


Fonte: www.canalrural.com.br

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